segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Ouro de tolos

Eu poderia jogar minha vida para o alto e a veria rodopiando sem destino tal um galho seco e disforme.
E ninguém, absolutamente ninguém, além de mim, olharia para os ventos a minha procura.
Chicoteada pelo esvoaçar dos cabelos continuaria imóvel fitando o céu negro
Há prazer em pertencer ao abismo de si mesmo

Entre raios uma claridade desponta
Imagino que um vento suave repousa-me nas mãos de um outro
E encontro ali um refúgio de mim mesmo
Escondo-me

Não vês? Cega-me!
Tapa-me os olhos
Faz da tua pobre existência
Minha miragem

Os meus olhos sangram de tanto eu
E, talvez, sangrassem muito mais de ti
Mas escorreriam entre meus lábios docemente
De mim tenho bebericado amargor

Gargalho bruscamente
Por vezes, faço-me rir com estúpidas imaginações
Entre ecos inaudíveis
Emudeço aquela gente que ousara passar por mim
Ouro de Tolos!

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                                                                                                Aranda l”




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