quinta-feira, 8 de março de 2012

SOLILÓQUIOS

Enjoy The Silence
               
      Perguntara-se internamente: VIVA OU MORTA?
      Não fora preciso pensar muito. Há tempos se sabia uma morta viva. Por mais que ousasse ser uma vivente não há nada que a ressuscitasse dessa sobrevida.
     Havia nisso tudo um pessimismo tão verdadeiro que seria tolice trocá-lo por um otimismo forçadamente fingido.
     Repudiava os simuladores de otimismo que numa necessidade quase doentia de estar sempre felizes tentam copiosamente mostrar a suposta felicidade.
    Imaginava-os como palhaços: acordavam, colocavam sua pintura/máscara de felicidade e saiam dando um alto, sonoro e estridente bom dia, afinal a vida é linda(leia-se ironicamente). E passavam o dia no convívio social tão estapafurdiamente de bem com a vida que somente aqueles habituados a seus antolhos não viam tamanha e cínica carência revestida da necessidade de ser aceito.
     Mas, pensava ela, diferente do palhaço que pintava a cara para ganhar dinheiro, aquelas pessoas iam chegar em casa à noite, talvez, até cansados de si mesmo e da falta de vida em suas vidas, e se deparar com a realidade. Sozinhos, mesmo que a dois, em frente aos seus computadores esperando algo acontecer em suas vidas, até mesmo receber um mero telefonema de quem quer que fosse. Quem sabe esperando um amor, ou mesmo qualquer um que fosse, desde que lhes desse migalhas de um fingido amor. Estariam lá com ares de quem pesquisa algo, mas apenas esperando ansiosamente a luz do MSN piscar e ser a tal pessoa on line, e até varariam a madrugada esperando um mísero cumprimento pra iniciar a conversa, ou quem sabe, estariam a fuçar a vida alheia tal um voyeur desesperado, e tantos e tantos outros anseios que a tristeza não permitida poderia lhe suprir se eles a permitissem. E as sentindo, podiam, enfim, se auto conhecer.
     Porém, dizem por aí que ser feliz é o que importa, mesmo que ela seja mascarada. As redes sociais falam por si só. No virtual aclamado mundinho maravilhoso da felicidade se tem os melhores amigos, participa-se das melhores festas, tem-se o melhor trabalho, a melhor família, todos são bonitos, bem amados e resolvidos, vive-se a melhor vida e ironicamente há uma preocupada despreocupação em não se importar com que os outros pensam a seu respeito. É, por trás da tela do computador se pode tudo mesmo.
     Malditos os simuladores! Continuam mendigando atenção e nem sequer percebem.
    Chegava a sentir ânsia de vômito quando ouvia o hipócrita clichê: ”eu quero, eu posso, eu consigo”. Afinal, não é necessário só querer, parece ser quase obrigatório que todos saibam disso. E mais, é preciso transformar num lema ou numa espécie de mantra dito e repetido diariamente tal quais fórmulas reiteradas de salvação. Ora, mas dizem por aí que é “o segredo”!
    Pára por um instante e se indaga: É preciso mesmo tanto barulho?! Sabia ela que o comprometimento com si próprio trabalha em silêncio e sem platéia.
    Pessimista por natureza se descrevia como um zumbi que anda perambulando por esta vida.
    E você, caro amigo: Estás morto ou vivo?
   Ou andas fingindo tão bem que até a ti enganastes?


    By Aranda L'ima.

Um comentário:

  1. Da-lhe Aranda Lima... que texto!! Que sacudida! Parabéns mais uma vez.

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