Ligo o computador. Mais uma tentativa. Tela em branco.
...
Dou-me conta de que só na identidade sou jovem. A pseudo escritora que vos fala não consegue escrever um texto na tela do computador. Sim, quase massacrante sentar a sua frente, quase mortificante ver o Word ficar lento, o texto sumir e, de repente todo aquele rompante de translúcida lucidez que até a mim deixa impressionada, se esvair. Eu e o computador não nos damos bem. Ás vezes acho que sou rápida demais pra ele. Ou seria eu lenta demais pra entender o contrário?!
Vai saber. Aliás, quem quer saber disso. Nem eu mesmo quero.
Eu gosto mesmo é do velho papel e caneta. É de lá que sai a obra lapidada, nem que seja gastando uma resma de papel, nem que seja pra copiar e recopiar mil vezes o mesmo texto em frenético rascunho incessante.
São através dessas malfadadas letras rabiscadas que me encho de prazer. Andarei com elas pra onde for. Não preciso esperar ligar, abrir, colocar senha no computador. Basta-me abrir meu caderno e elas estarão lá. Não as vê? Pois eu as vejo. Vejo tal quais letrinhas saltando do papel e vindo em minha direção. Algumas querendo serem corrigidas, outras revistas, outras admiradas, outras tantas apenas querendo ser vistas e/ou ouvidas. Mas o que eu quero mesmo é que elas sejam sentidas.
Tal qual as uvas pisoteadas inúmeras vezes pra chegar a perfeição do vinho, saiba que eu simplesmente não as deletei e reiniciei. Eu as risquei, recomecei, apaguei (com a velha e boa borracha), refiz, peguei outras e tantas folhas e comecei de novo, e de novo, e de novo pra dar-lhes o que há de melhor delas.
Tal qual as uvas pisoteadas inúmeras vezes pra chegar a perfeição do vinho, saiba que eu simplesmente não as deletei e reiniciei. Eu as risquei, recomecei, apaguei (com a velha e boa borracha), refiz, peguei outras e tantas folhas e comecei de novo, e de novo, e de novo pra dar-lhes o que há de melhor delas.
Minto.
Nessas horas percebo a juventude galopando em direção em mim. Pois, se lhes digo que confessarei uma verdade, não se engane, não será por puro altruísmo, farei em nome de meu ímpeto da mocidade que cheira a orgulho estufado no peito. É, menti pra vós. Se lapido meus textos feito uma maníaca em busca da perfeição, saiba que nunca foi por elas. Nem tão pouco ousem delirar que por vós. Eu faço por mim, apenas para mim.
Não entendes?! Elas me atormentam. Escrevê-las me liberta.
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Pronto. Olho pra tela. Um brinde ao meu primeiro texto à La modernidade?!
Se tivesse no papel eu o rasgaria. Sinta-se à vontade para deletá-lo.
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Lassidão.
By Aranda L'ima.
Perfeito... falou comigo!
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