sábado, 17 de setembro de 2016

Solitaria(mente)


Resultado de imagem para trumbrl silencio

Silenciou-se
Um silêncio tão sincero que transbordara plenitude.
Dias em comunhão consigo. 
Com ares de um arrebatador amor por si entre olhares bobos e sorrisinhos tímidos.
Como se uma donzela apaixonada tivesse deixado em alto mar o marinheiro e agora olhando sua chegada não se contivesse em si.
Ela romantizava a si mesma. Um romantismo de dor e angustia existencial. 
Perguntara a si: - Havia algo mais encantadoramente fascinante?

Lua cheia, poesia, o total esvaziamento da mente a cada grafitada naquele papel em branco.
Naquela noite apenas desenhou horas adentro. No clarão da madrugada o lápis quebrou ao meio.
A fina delicadeza que repousava em sua mão deu lugar ao pesar que sobressaltou-se a uma indagação odiosa.

Parou. Bebeu um gole de vinho como que tomando um gole de si.
Silêncio.
Um outro silêncio.
Tomada pela pergunta levou a mão à cabeça e apenas quis rir de si.
Um sorriso debochado. Desses que beira o desprezo por si.

Ela fingiu. Ela sabia que em algum momento fingira para si.
Excessivamente completa de si.
Excesso? Era essa pontada que a tinha afligido.
De tempos em tempos saia do seu casulo. Estava tentando se misturar entre a gente, mas o tempo sempre traz o desejo de si.
Fingia ser natural conversar com toda aquela gente. 
Era tão mais fácil quando tinha prazer em dissecá-los.
E agora que estava apenas com eles, o que fazer? 
Se somente ela cabia em si?

Um anseio:
Um dia cruzaria com aquele que saberia romper a linha tênue do seu silêncio.
O sublime momento entre deixar-lhe ali e resgatar-lhe.

Fazer o que com eles?
Fazer o que com toda essa famigerada gente que nem sequer deseja saber dela? 
Sim, ninguém quer saber dela, se o que ela quer só cabe em si.

Excesso de si para não caber o outro?
Ou vazio do outro para não preencher a si?


                                                                                                                               Aranda l”





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