sexta-feira, 23 de setembro de 2016
(In)compreensões
Passeava entre as pessoas
Observando um a um
Caminhava delicadamente
Em direção a nenhum
Outros e tantos
Mas só tinha olhos para si
Olhos para dentro
Compreendendo-se
Dispensava um a um
Talvez até dispensasse era mesmo a si
Sentada na antessala do eu
Abre delicadamente uma fresta de si
Espia de longe
Um escolhido, enfim
Luz fina irradiou
Outro cruzou
Um passeio fez-se nela
Mas era tarde demais
Só ela cabia em si
Ele não a compreendia
Ela tampouco a si.
Aranda l”
sábado, 17 de setembro de 2016
Solitaria(mente)
Silenciou-se
Um silêncio tão
sincero que transbordara plenitude.
Dias em comunhão
consigo.
Com ares de um arrebatador amor por si entre olhares bobos e sorrisinhos tímidos.
Como se uma
donzela apaixonada tivesse deixado em alto mar o marinheiro e agora olhando sua
chegada não se contivesse em si.
Ela romantizava a
si mesma. Um romantismo de dor e angustia existencial.
Perguntara a si: - Havia algo mais encantadoramente fascinante?
Lua cheia, poesia, o
total esvaziamento da mente a cada grafitada naquele papel em branco.
Naquela noite
apenas desenhou horas adentro. No clarão da madrugada o lápis quebrou ao meio.
A fina delicadeza
que repousava em sua mão deu lugar ao pesar que sobressaltou-se a uma indagação
odiosa.
Parou. Bebeu um
gole de vinho como que tomando um gole de si.
Silêncio.
Um outro silêncio.
Tomada pela
pergunta levou a mão à cabeça e apenas quis rir de si.
Um sorriso
debochado. Desses que beira o desprezo por si.
Ela fingiu. Ela
sabia que em algum momento fingira para si.
Excessivamente
completa de si.
Excesso? Era essa
pontada que a tinha afligido.
De tempos em tempos saia do seu casulo. Estava tentando se misturar entre a gente, mas o tempo sempre traz
o desejo de si.
Fingia ser natural conversar com toda aquela
gente.
Era tão mais fácil
quando tinha prazer em dissecá-los.
E agora que estava apenas com eles, o que fazer?
Se somente ela
cabia em si?
Um anseio:
Um dia cruzaria
com aquele que saberia romper a linha tênue do seu silêncio.
O sublime momento
entre deixar-lhe ali e resgatar-lhe.
Fazer o que com
eles?
Fazer o que com
toda essa famigerada gente que nem sequer deseja saber dela?
Sim, ninguém quer
saber dela, se o que ela quer só cabe em si.
Excesso de si para
não caber o outro?
Ou vazio do outro
para não preencher a si?Aranda l”
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