domingo, 26 de agosto de 2012




 



A um passo do abismo
Entende-se as regras do jogo da vida
Viver é questão de vida ou morte
Viver pede urgência
Urgência de ter tempo para ter tempo

Não há tempo pra mistérios
Meias-palavras
Sentimentos a conta gotas

Não há tempo pra encostar os dedos aos poucos
Tentando descobrir se o mar está gelado
Mergulhemos de cabeça
Penetremos nos olhos dos outros
Penetremos em nós mesmos!



                                                                                        By Aranda L'ima

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Causa mortis

 
Eu sei que todos nós morremos um pouco a cada dia
Mas eu ando morrendo muito a cada dia
Ando perdendo a mim
Como se andasse esfacelando pelos becos da vida
Olho pra trás e vejo pequenas partes de mim despedaçadas
Por vezes me vejo como cinzas esvoaçantes se esvaindo contra o vento
E a cada sopro vai-se, bailando em tom tristonho, uma mão-cheia de mim

Ando perdendo a vontade de seguir
Ando me perdendo de mim
Ando?
Rastejando com o que resta de mim

Insuportável seguir quando sua alma já se foi
Já não há mais brilho em meu olhar
Olhos que vê nublado
Coração que chora em silêncio
Sorrisos nada sinceros
Dias silenciosos

Decepcionante descobrir a verdade da vida
Imaturidade não saber lidar com ela
Tentador lutar contra ela
Sua rival seria a morte?
Morte versus vida.




                                                                             By Aranda l”




















quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Epifania melancólica




Se eu tivesse um lugar pra chamar de meu
Um refúgio longínquo
Isso só me bastaria

Adentraria em mim com um profundo suspirar
E repousaria na minha própria respiração
Longa e lenta

Sentiria meu fôlego faltar
Restaria um silêncio de quando se percebe que está perto de partir
Inspiraria ares libertadores

É tão libertador partir
Quando não se tem mais nada a perder

O refúgio do meu eu precisa de um lugar pra descansar
Onde encontro esse lugar?
Quisera eu apenas descansar de meus pensamentos
Quisera eu ficar longe de toda essa gente que passa por mim

Talvez seja sintoma de uma vida perdida
Mas escuto ao fundo uma melodia melancólica
que me diz baixinho que não fora feita pra esse mundo

Não sentirei saudades de uma vida não vivida
Ousaria dizer que sentiria pesar por minha partida
Eram especiais aqueles dias de paz ao sentir a melancolia adentrar meu pequenino ser
Transpirava nostalgia de um tempo que jamais vivera ou viveria ou viverei

E há algo mais encantador que isso?
A certeza de olhar pra um nada
O tudo é tão fugaz.

Piso em folhas secas
Sinto a névoa pairar sobre o ar
Respiro ares bucólicos
Sinto meu rosto entrecortado pelo vento frio

Falta-me ar
Falta-me vida, ousaria dizer
Vida da qual não sinto falta

Deleite ou delírio, morrer em vida?




                                                              By Aranda l”


 
                                                                            













domingo, 12 de agosto de 2012

Quem me dera...

Quem me dera eu fosse como essa gente que passa por mim.
Tão alheia...

Quem me dera eu pudesse passear por essa gente com olhos que apenas veem, e nada enxergam.
Tão cegos...

Quem me dera eu passasse a vida a espera de um grande amor
Tão vazia de mim mesma...

Quem me dera tivesse uma inabalável fé na vida.
Tão alienada...

Quem me dera eu respirasse o mesmo ar dessa gente.
Tão passivos...

Quem me dera eu pudesse passar por essa vida à mercê como essa gente.

Quem me dera ...

Ah! Quem me dera...

Eu fosse indiferente a toda essa gente.


                                                                               By Aranda l”








                                                                                   By Aranda l”