Ao vento, para levar-me bailando em redemoinhos sem destino?
Ao mar, a beira de um precipício, para engolir-me em lenta e silenciosa imensidão?
As estrelas mortas que fingidamente brilham?
Ao outro, puro reflexo da ilusão do meu eu?
A mim?
Um eu que não existe?
Se não existo a quem importaria me dizer?
Ao próprio eu que não existe?
Não existindo seria a melhor forma de dizer-me?
Vácuo existencial sem fala - muda.
Ou muda.
Mas para mudar- me não teria eu que ter existido?
Muda.
De silêncio em silêncio
Para que dizer-me?
Se não existo não posso mudar o que nunca existiu
E o que teria a dizer sobre uma inexistência?
Muda.
Mudez mesquinha
Calando não existo
Falar-me-ei
Sobre o pretexto de escutar-me
Perguntas com respostas prontas
O eu existe
Só para fingir decifrar-me
Muda.
O eu que não existe calou a mim que finge viver
O eu falou: - Mas quem finge não são as estrelas que já não existem?
Cale o eu.
Mudez forçada.
O eu existe quando quero me enganar e me enganando já não posso dizer-me
Pois o dizer não existe
Se há uma inexistência de mim
Não posso dizer o que não existe?
Ou criando um novo eu posso dizer-me?
Escute o outro.
Está a dizer-se
O encontro de "não- eus".
Pequenos "eus" inexistentes a existir só para si mesmos.
Aranda l”