domingo, 2 de dezembro de 2012

VIDA ÚTIL


  Tenho vomitado palavras 
Sem qualquer plateia
Sem nenhum aplauso
O que não deixa de me agradar, pois me salva das vaias
Não quero críticas, as minhas me bastam
Nem tampouco elogios
É uma questão entre eu e eu mesmo
Escrever é sentir uma mão rasgando seu ser e de punho a punho ir rabiscando seu sentir
Despejo ódio e encontro amor
Grito raiva e sussurro leveza
Invento vidas para sentir o viver
Revelo mágoas e encerro capítulos
Afrouxo os nós das exigências, desengatilho a impiedosa autocrítica, molho a caneta no tinteiro para me desnudar
Afasto o clichê
Derramo letras de tristeza sobre um adubo de dor e colho autoconhecimento
Tremo de desesperança com febril pessimismo e me curo ao desabafar
Mãos conscientes redigem o que dita alguém que mora dentro de mim e conhece mais de mim do que eu sobre eu mesma
Murmúrios não verbalizados – Respiro o pensar, expiro a escrita
Nocauteio-me com verdades viscerais
Gosto amargo de sangue na boca
Pulso
Veia latejante
Coração acelerado
Vida
Escrever é sair do rastejar da sobrevida
O deslizar da caneta deixa o escritor em pé
Começo morta e termino viva.

                                        By Aranda l”